sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

RESISTÊNCIA NEGRA (Um pequeno recorte – Séculos XIX e XX)

                                            

                                                         Lepê Correia

Não se nega a história que já foi contada,
Apenas que ela não é a única história possível.
                                                              Biu Vicente
                                                 (Doutor em História – UFPE)

             Desde que chagaram ao Brasil, no século XVI, os povos negros, escravizados, resistiram através de fugas, quilombos, revoltas armadas, irmandades religiosas, grupos de manifestações culturais e até mesmo com protestos extremistas como suicídios, externando suas insatisfações contra a escravidão e os maus tratos.
              O verbo resistir, vem do latim resistere – defender-se, conservar-se, durar, subsistir. Pessoas e animais possuem o instinto da resistência; é uma defesa, uma proteção usada pelos que são atacados em sua liberdade.
              
                              QUILOMBOS: Luta pela vida

               A formação dos quilombos, calcula-se que se inicia desde que o donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, recebe d’El Rei, autorização para importar negros e escravizá-los., em 1537, oficialmente. O quilombo foi um desafio permanente e um incentivo às lutas contra o sistema colonial em seu conjunto.
               Desde a formação dos Palmares, toda e qualquer oportunidade para a fuga sempre foi bem vinda. O negros aproveitaram as “guerras civis” de 1817 e 1824, como uma boa chance para fugirem. Dessas e outras fugas ocorridas no Recife, bem como nas vilas e povoados do interior, surge na floresta que partia do eixo urbano Recife/Olinda, até a vila de Goiana, o Quilombo do Catucá, chefiado pelo “comandante” Malunguinho. Destaque para o sapateiro Brazílio Machado, que ajudava os escravos a fugirem do engenhos de goiana e chegarem até lá.
                Malunguinho foi “um herói popular de tal envergadura que ascendeu ao altar das divindades populares pernambucanas, tornando-se uma entidade no Culto da Jurema”(CARVALHO,1998, p.7) Essa é uma das provas que para o povo negro, “resistência e ancestralidade não podem ser dissociadas. Desta união a sobrevivência brotou reunindo a ação para não morrer e não permitir aos ancestrais deixarem de existir...” (Salviano Feitoza)
       
               CABANADA: Uma das maiores rebeliões Pernambucanas.

                   Surgida na década de 1830, segundo Marcus carvalho, só superada por Palmares. “No lado oposto a Catucá , durou de 1832 a 1835. Juntou despossuídos rurais, quilombolas, índios aldeiados ou não, e até alguns pequenos e médios proprietários rurais” (CARVALHO, op.Cit. p. 400). Essa “gente da mata”, como era chamada, só conseguiu ser aplacada pela força do exército que a caçou, como animais, um por um.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Marcus, Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo, Recife, UFPE, 1998
CORREIA, Lepê, Canoeiros e Curandeiros, Recife, FUNCULTURA, 2006

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